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    DPU/2007 - sofistas, Sócrates e a pedagogia

    há 14 anos

    Questões 1 e 2 de Ciências Sociais e Sociologia

    Conhecemos pouco dos sofistas. Em primeiro lugar, porque, com exceção de um sofista tardio, Sócrates, de quem temos as obras, não possuímos senão fragmentos dos dois principais sofistas: Protágoras de Abdera e Górgias de Leontini. Em segundo, porque os testemunhos recolhidos pela doxografia foram escritos por seus inimigos Tucídides, Aristófanes, Xenofonte, Platão e Aristóteles , que nos deixaram relatos altamente desfavoráveis nos quais o sofista aparece como impostor, mentiroso e demagogo. Esses qualificativos acompanharam os sofistas durante séculos e a palavra sofista era empregada sempre com sentido pejorativo.

    Marilena Chaui. Introdução à história da filosofia dos pré-socráticos a Aristóteles. São Paulo: Cia. das Letras, 2002 (com adaptações).

    Tendo o texto acima como referência inicial, julgue os itens que se seguem.

    1. Desde o final do século XIX, tem-se observado uma reabilitação da sofística. Historiadores da filosofia, a partir de então, consideram os sofistas fundadores da pedagogia democrática, mestres da arte da educação do cidadão.

    2. A sofística é uma arte e uma ciência. Além de um modo de ensinar, ela designa uma doutrina, tal qual a dos filósofos, diferindo da destes apenas por seus desdobramentos práticos e por suas implicações políticas.

    NOTAS DA REDAÇAO

    Por questão de didática e compreensão dos enunciados, trataremos das assertivas em conjunto.

    Primeiro compreendamos o tema proposto. As assertivas giram em torno dos sofistas.

    Assim, tem-se como de costume, a proposição de um texto, que guarda relação com as assertivas, mas não serve necessariamente a solução das mesmas.

    Riboul citado por Rodson Ricardo Souza do Nascimento[ 1 ] em trabalho monográfico direcionado à Educação afirma que: Os sofistas foram com certeza os primeiros pedagogos, e o objetivo de sua educação não deixa de ser nobre: capacitar os homens a governar bem suas casas e suas cidades. Entretanto, eles excluem todo saber, e levam em conta apenas o saber fazer a serviço do poder.

    Segundo os estudiosos da filosofia, tem-se que a civilização grega influenciou demasiadamente as posteriores, donde surgiram sofistas tais quais os citados no texto da banca examinadores.

    Por volta do século XIX, retórica e oratória, bem como educação, passaram a seguir parâmetros extraídos da Grécia. Assim é que pensadores, em especial os sofistas influenciaram a didática e os parâmetros a serem utilizados na prática da educação.

    Eles sistematizaram e divulgaram os novos conhecimentos, muito embora não ensinassem em um local determinado, tratando-se de verdadeiros conferencistas itinerantes, em constantes viagens. Ensinavam como filosofia tudo o que então se podia saber e que se não podia aprender na escola elementar: a geometria, a física, a astronomia, a medicina, as artes e técnicas e sobretudo a retórica e a filosofia propriamente dita.

    Fato é que os sofistas influenciaram na educação, sendo que a Grécia é considerada o berço da pedagogia, tendo contribuído bastante para a sistematização da educação.[ 2 ]

    Sócrates, o mais aclamado entre as gerações, foi seu maior crítico. Contudo, o único de sua época que não deixou documentos que pudessem nos servir de parâmetro quanto aos seus pensamentos.

    Tem-se a Sócrates como primeiro grande educador da história, e a Platão como o fundador da teoria da educação, da pedagogia, baseando-se seu pensamento na reflexão pedagógica, associada à política.

    A maior crítica feita aos opositores do sofismo era o fato de não se inserir o ouvinte à veracidade do discurso, tendo-se por primordial apenas a conquista de um outro orador, já que a proposta era de fato ter oradores que formassem oradores. Promoviam seus ensinos a um custo elevado, e não se preocupavam de fato com a formação prática de seus seguidores, mas em apenas formar pessoas de discurso forte e incisivo, o que era motivo de chacota e crítica por pessoas como Aristóteles e Platão.

    Apontada essas linhas gerais, temos que a primeira assertiva encontra-se correta, eis que afirma que os sofistas como fundadores da educação, e como tendo sido uma linha resgastada por volta do século XIX.

    Contudo, a segunda assertiva é falsa. Falsa vez que seus críticos, denominados filósofos pelo examinador, criticavam sua essência de educar, e não por razões políticas. A sofística, portanto, não pode ser tratada como uma doutrina, mas como um parâmetro de educação, essencialmente criticado por ser um sistema de formação de pessoas e pensadores que não se preocupava com o que estava formando, mas apenas com o lucro na formação de estadistas.

    A diferença residia nos ideais. Enquanto Sócrates pregava a justiça e a solidariedade por meio da educação, os sofistas pregavam o individualismo, ao saber em si considerado, ainda que o conhecimento geral de tudo, quando Sócrates revelava que nada sabia.

    Portanto, concluímos pelo gabarito da banca examinadora que atribuiu Certo a primeira assertiva, e errado à segunda.

    Notas de Rodapé:

    [1] O púlpito como cátedra: retórica e educação nos sermões de Pe. Antonio Vieira (1608-1697) . Disponível em http://ftp.ufrn.br/pub/biblioteca/ext/bdtd/RodsonRSN.pdf Cf: Principais Sofistas. http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/escola/socrates/socratesversussofistas.htm

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