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27 de Abril de 2024

O que é crime impossível, e qual teoria o Brasil adota? - Joaquim Leitão Júnior

há 16 anos

Crime impossível, na conceituação de Fernando Capez, "é aquele que, pela ineficácia total do meio empregado ou pela impropriedade absoluta do objeto material é impossível de se consumar ". (CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. Volume 1: parte geral - 11 Edição revisada e atualizada - São Paulo: Saraiva, 2007, p. 256).

O renomado jurista Antonio José Miguel Feu Rosa (1995, p.312) convencionou chamar de crime impossível "a atitude do agente, quando o objeto pretendido não pode ser alcançado dada a ineficácia absoluta do meio, ou pela absoluta impropriedade do objeto ". (ROSA, Antonio José Miguel Feu. Direito penal: parte geral. São Paulo: Revista dos tribunais, 1995).

Por sua vez, para reforçar as explanações aqui sedimentadas, o art. 17 do Código Penal dispõe que:

"Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime ."

O crime impossível é também chamado pela doutrina de quase-crime, tentativa inadequada ou inidônea.

O honrado Tribunal de Justiça de Mato Grosso em caso envolvendo a discussão em baila, já julgou o seguinte:

E M E N T A. "CRIME IMPOSSÍVEL - FURTO - AUSÊNCIA DE BENS A SUBTRAIR - EXECUÇÃO INIDÔNEA - INIDONEIDADE ABSOLUTA DO OBJETO - CARACTERIZAÇÃO DA CONDUTA ATÍPICA - RECURSO PROVIDO. Restando comprovado a impropriedade absoluta do objeto, não há falar-se em tentativa, mas sim em crime impossível. Inteligência do art. 17 do Código Penal . (Tribunal de Justiça de Mato Grosso - Relator convocado composta pelo Dr. Adilson Polegato de Freitas - Primeira Câmara Criminal. Recurso de Apelação Criminal n.º 10049/2006 - Classe I - 14 - Comarca de Tangará da Serra) ".

Portanto, das breves leituras empreendidas no texto, infere-se que crime impossível, é aquele em que o objeto material por sua total impropriedade é inidôneo para que o ilícito se consume ou o meio de execução empregado pelo agente no cenário fático é absolutamente despido de força para produzir o efeito e o resultado almejado.

A teoria adotada pelo direito pátrio é a teoria objetiva temperada ou moderada, onde exige que o meio empregado pelo agente e o objeto sobre o qual recai a conduta seja absolutamente inidôneos para produzir a finalidade e o resultado buscado.

O instituto ao que se denomina crime impossível ou quase-crime apresenta-se em três espécies:

a) delito impossível por ineficácia absoluta do meio;

b) delito impossível por impropriedade absoluta do objeto material;

c) crime impossível por obra de agente provocador.

Enfim, apenas por zelo ao debate jurídico, convém assinalar, que atualmente os Tribunais têm se pautado pela teoria da imputação objetiva para auferirem elementos acerca do risco da ofensividade ao bem juridicamente tutelado, e então, definirem se houve ou não crime impossível. BIBLIOGRAFIA

CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal . Volume 1: parte geral - 11ª Edição revisada e atualizada - São Paulo: Saraiva, 2007, p. 256.

ROSA, Antonio José Miguel Feu. Direito penal: parte geral. São Paulo: Revista dos tribunais, 1995.

BRASIL. Código Penal Brasileiro. 46ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2008.

BRASIL. Tribunal de Justiça de Mato Grosso - Relator convocado composta pelo Dr. Adilson Polegato de Freitas - Primeira Câmara Criminal. Recurso de Apelação Criminal n.º 10049/2006 - Classe I - 14 - Comarca de Tangará da Serra.

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11 Comentários

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Olá Antonio Carlos! Com base na situação colocada, segundo o Art. 17 do código penal, a resposta correta é a letra B, tendo em vista que não se mata cadáver. Ou seja, é impossível consumar-se o crime por absoluta impropriedade do objeto, nesse caso, o objeto é o cadáver. continuar lendo

gostaria de tirar uma duvida?

A - 1: delito impossível por ineficácia absoluta do meio
2:crime impossível por ineficácia do meio
------------------------------------------------------
B- 1:delito impossível por impropriedade absoluta do objeto material
2: crime impossível por absoluta impropriedade do objeto
----------------------------------------------------------------------------------------------
uma pessoa que matar alguém , ele começa a sua execução mas os pelitos afirmam que o objeto já estava por morto antes da execução , detectaram que o objeto morreu por parada cardíaca. qual das duas esta correta a letra A ou a letra B. e qual das duas frases a 1 ou a segunda. continuar lendo

Letra B, pois o objeto (bem tutelado) do crime matar é a vida, então, onde não há vida não há homicídio por ineficácia do objeto. continuar lendo

Excelente explicação! parabéns! continuar lendo

No meu entendimento caberia tentativa de furto, pois existiu o dolo da parte do agente. Todavia, o agente, uma vez iniciado a faze executória com a intensão de subtrair o objeto desejado ou presumido, não obtém a RÉS (coisa), não por vontade sua mas por impropriedade absoluta do objeto que não existia.
Conforme anotado pelo Dr. Frank em sua respeitosa formula, exemplou com clareza que se da a tentativa, uma vez o agente querendo fazer não pode por situação alheia. ("QUERIA FAZER MAS NÃO PODE"). Contudo analisando a redação da lei no seu art. 13, é tendente que possa preceituar furto tentado. continuar lendo

ótima explanação. continuar lendo

essa explanação é incabível, pois, como visto nossa teoria adotada é a objetiva temperada importando a conduta e resultado de lesão ao bem, se formos levar em conta dolo de furtar estaríamos diante de um teoria subjetiva, que não importaria o resultado e sim só a conduta. continuar lendo